Anotações sugerem que esquema tentou cooptar ex-conselheiro do Carf, diz PF

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Manuscritos apreendidos pela Operação Rosa dos Ventos, da Polícia Federal, indicam que o esquema de distribuidoras de combustíveis investigadas por sonegação de R$ 5 bilhões tentou cooptar um ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), o tribunal da Receita, Fernando Castellani. A PF pegou as anotações em um guardanapo encontrado no escritório do advogado Sidônio Vilela Gouveia.

"Nele se lê: 'Trabalho já com o Conselheiro do CARF. V dele = 1.000 + 600 no fim + 2% no êxito'. Lê-se também: 'no julgamento positivo + 60%' e 'no trânsito+ 30%'. As anotações indicam que havia um valor que seria pago ao conselheiro (o valor 'dele') e o valor que seria pago ao advogado (o porcentual a ser pago 'no julgamento positivo' e 'no trânsito')", descreveu a PF em relatório da Operação Rosa dos Ventos, cuja segunda fase foi deflagrada nesta quarta-feira, 15.

Quatro investigados foram presos, entre eles, o auditor da Receita Luiz Fernando Celani. Ele é suspeito de trocar dados sigilosos do Fisco por viagem à Disney e porcelanato.

Além do guardanapo, a PF apreendeu outro papel manuscrito, no mesmo endereço. Nas anotações, os investigadores acharam a frase "acerto com Castellani". Para a PF, a anotação reforça a "hipótese que parte do valor anotado realmente era destinada ao conselheiro".

"Castellani, como bem observou o policial federal que analisou o documento, muito provavelmente é Fernando Ferreira Castellani, conselheiro que pertenceu ao Carf, mas foi dispensado, a pedido, após a deflagração da Operação Zelotes, que apurou corrupção naquele órgão. O manuscrito é datado de 7 de agosto de 2013, quase dois anos antes da publicação da dispensa de Castellani, que se deu no dia 1 de julho de 2015. Sidônio não foi indagado acerca deste fato quando foi ouvido porque a análise do material apreendido no seu escritório ainda não havia sido concluída", afirmou a PF.

A nova etapa da operação teve início com a análise do material apreendido na primeira fase, deflagrada em agosto de 2017, quando policiais federais encontraram indícios de que os investigados teriam um esquema envolvendo corrupção do auditor da Receita, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, que inicialmente não haviam sido detectados.

A reportagem tenta contato com o ex-conselheiro do Carf.

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