Veículos e inadimplência pesam no lucro do BV, que cai 4% no 3º trimestre

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O BV ressentiu-se da maior queda em dez anos na venda de veículos registrada neste ano no País, assim como do impacto da inflação e dos juros no poder de compra das pessoas físicas. Como resultado, o lucro líquido do terceiro trimestre de 2022 caiu 4% em relação ao mesmo intervalo de 2021 para R$ 387 milhões. O retorno sobre o patrimônio (ROE) também recuou, de 13,9% no terceiro trimestre de 2021 para 12,6% neste último período.

O presidente do BV, Gabriel Ferreira, defende que o banco conseguiu navegar bem nesse ambiente, graças aos movimentos de diversificação que vem fazendo. "Conseguimos manter o resultado mais ou menos no mesmo patamar, porque temos um terço de nossos negócios no atacado, uma operação que vai bem, e ainda uma agenda de diversificação de receitas que também vai bem", comentou.

A carteira de veículos, que responde por 52% da carteira de crédito do banco, recuou 4% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 40,7 bilhões. Já a inadimplência acima de 90 dias subiu 1,1 ponto porcentual no comparativo anual para 4,8% no terceiro trimestre.

Ferreira aposta em uma melhora no mercado para financiamento a veículos e tem uma visão pragmática para o ano de 2023, considerando que as variáveis econômicas externas e locais têm grande relevância, em paralelo às dinâmicas do próximo governo, ainda pouco conhecidas.

"Ainda não dá para ter clareza da política econômica que será implantada. Os esforços de transição começaram hoje. Mas, de forma ampla, acreditamos que haverá responsabilidade na condução da política macroeconômica e, se isso for verdade, tendemos a ter uma normalização do mercado de crédito que foi muito afetado pela pandemia", disse.

O executivo chamou a atenção aos contrapontos à queda da carteira de veículos, apontando para outras linhas, como financiamento de placas solares e empréstimos para aquisição de veículos com garantias, que asseguraram uma expansão em 12 meses de 4% na carteira de crédito como um todo, para R$ 78,3 bilhões. A carteira de crédito de placas solares registrou alta de 78,3% contra o terceiro trimestre do ano passado, para R$ 7,5 bilhões.

As operações de atacado, acrescentou Ferreira, tiveram inadimplência abaixo da média histórica, de 0,2% no terceiro trimestre. A carteira de crédito de atacado totalizou R$ 24,6 bilhões no terceiro trimestre, com queda de 0,6% frente ao mesmo trimestre de 2021. Segundo Ferreira, a ideia é que essa carteira siga representando um terço do total da carteira de empréstimos, com foco nas empresas médias e pequenas e com a oferta de uma variedade de produtos e serviços que agreguem receitas. Entre eles, assessoria para o mercado de capitais.

Nesse grupo das chamadas 'avenidas de crescimento', estão as operações de crédito com cartão também tiveram aumento em base anual. Embora o BV tenha feito ajustes desde o final do ano passado no volume de emissão de novos plásticos, dada a perspectiva de maior inadimplência na pessoa física, os cartões de crédito seguem como estratégia para ampliação da base de clientes no banco digital.

Ferreira destacou que a carteira de crédito de cartões atingiu R$ 5,5 bilhões no terceiro trimestre de 2022, aumento de 8,5% frente ao trimestre anterior e de 39% na comparação com o mesmo período do ano passado. "Dois terços desses clientes com cartão fazem uso do nosso banco digital cotidianamente", afirmou. O Banco Digital BV, por sua vez, atingiu 3,3 milhões de clientes (clientes da conta digital e/ou cartões) no encerramento do terceiro trimestre, crescimento de 125% em relação ao mesmo período do ano passado.

Oferta em bolsa

Sobre uma eventual retomada de planos para oferta de ações em bolsa, (IPO, na sigla em inglês), o presidente do BV disse que o plano segue, desde que as condições do mercado estejam favoráveis.

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