Instabilidade externa e dado fraco de serviços deixam Ibovespa sem rumo

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A queda de 0,9% no volume de serviços em maio deixa o investidor doméstico um pouco na defensiva, em uma sexta-feira já de certa cautela em Nova York. O recuo do indicador veio na contramão da alta registrada nas vendas do comércio varejista no quinto mês do ano, e que levaram ao entendimento de uma retomada mais rápida da economia do País. Além disso, a taxa de inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), interrompeu em junho a série de dois meses em queda, ao subir 0,26%.

O recuo em serviços na margem ficou fora do intervalo das expectativas na pesquisa do Projeções Broadcast, de alta de 2,9% a 10%. Já a alta de 0,26% do IPCA ficou abaixo da mediana de 0,30% das estimativas (0,24% a 0,38%). Às 11h07, o Ibovespa tinha alta de 99.482,62 pontos, mas o movimento era instável, em meio à queda em Nova York.

Para o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, os resultados devem provocar dúvidas entre investidores a respeito do grau de retomada da economia interna, após o período de isolamento social no País por causa da pandemia de coronavírus, e em relação à política monetária. "Tanto é que o Ibovespa futuro está perto da estabilidade", diz.

"Como as vendas do varejo vieram fortes alta de 13,9% no conceito restrito mensal e de 19,6% do ampliado, havia expectativa de que os serviços apresentariam um desempenho também de crescimento. No entanto vieram fracos", detalha Laatus.

Na comparação com maio de 2019, o volume de serviços caiu 19,5%. Além disso, o IBGE revisou o dado de abril ante março, de queda de 11,7% para recuo de 11,9%.

Na avaliação de Jefferson Laatus, o resultado do índice de serviços deve provocar mais dúvida do que certeza no mercado em relação à dinâmica de retomada da economia brasileira. Além disso, acrescenta, deve gerar incerteza quanto ao debate sobre a taxa Selic, atualmente em 2,25%. "Será que haverá novo corte ou se interrompeu o processo?", questiona.

A instabilidade externa, em meio a continuados avanços dos casos de coronavírus nos Estados Unidos, também deve deixar o investidor da B3 um pouco mais defensivo no último dia da semana. Lá fora, descreve o estrategista do Grupo Laatus, as bolsas, sobretudo as norte-americanas, podem passar por realização de lucros após as altas recentes. "Essa mistura de realização com cautela, por causa do aumento de infectados pela pandemia e a OMS dizendo que a questão ainda está fora de controle. Sem falar na questão envolvendo o imposto de renda do presidente Donald Trump. Se isso vier à tona e se for comprovado fraude declaração, pode beneficiar a candidatura de Biden candidato do Partido Democrata à Presidência dos EUA, Joe Biden", avalia.

O investidor da Petrobras, como de praxe, ficará de olho no comportamento do petróleo, que passou mostrar leve alta, mas também na notícia de que a estatal vendeu sua participação nos campos de Pescada, Arabaiana e Dentão, em águas rasas da Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte, para a OP Pescada Óleo e Gás, subsidiária da Ouro Preto Óleo e Gás. O valor da transação é de US$ 1,5 milhão. Os papeis da companhia subiam 0,63% (PN) e 0,93% (ON)

Ainda no segmento corporativo, seguem as atenções nas companhias aéreas diante da crise enfrentada durante a pandemia de coronavírus. Como o impacto da doença, a Latam informou que a demanda total por voos da aérea caiu 95,2% em junho na comparação com igual período do ano anterior, enquanto a oferta de assentos caiu 93,6%. Ontem, a Latam Brasil entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA.

Em meio à atenção de investidores com a imagem do Brasil, hoje o vice-presidente Hamilton Mourão reúne-se com empresários brasileiros para apresentar ações de combate ao desmatamento. Ainda espera-se para esta sexta-feira a definição de um nome para o Ministério da Educação.

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