Sanções impõem desafio a mais para Irã lidar com coronavírus

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O Irã é um dos países mais afetados do mundo pela pandemia de coronavírus. Com mais de 40 mil casos e 2,7 mil mortes, a situação que já é crítica fica ainda pior com as sanções americanas, que impedem a importação de remédios e outros equipamentos médicos. Segundo uma lista oficial, faltam luvas, máscaras e até seringas.

Suprimentos humanitários aparecem como exceção no texto das sanções americanas, mas as penalidades impedem as empresas de estabelecer uma negociação comercial com o governo iraniano. O país também está impedido de exportar petróleo e produtos manufaturados por conta de sanções secundárias, o que tem agravado a situação econômica.

Os EUA restabeleceram as sanções unilaterais que haviam sido levantadas após o acordo de 2015, com várias potências globais, para interromper o programa nuclear iraniano. Ao assumir a Casa Branca, em 2017, Donald Trump decidiu se retirar do pacto e retomar as sanções, alegando a necessidade de se elaborar um novo acordo.

Ao jornal O Estado de S.Paulo, o novo embaixador do Irã em Brasília, Hossein Gharibi, disse que até um aplicativo desenvolvido para informar a população sobre a covid-19 foi bloqueado pelo Google, que alegou a impossibilidade de negociar com os desenvolvedores iranianos.

"O problema não é só a falta de equipamentos e suprimentos médicos, mas as outras maneiras pelas quais o terrorismo econômico dos EUA devastou muitos lares, mesmo antes da covid-19, que só tem se agravado", afirmou o embaixador, que antes de vir para o Brasil, era assistente do chanceler iraniano, Javad Zarif.

Na sexta-feira, Zarif pediu que o governo americano libertasse iranianos - segundo ele, muitos cientistas - mantidos presos nos EUA por questões ligadas às sanções americanas.

O chanceler teme que eles estejam ainda mais vulneráveis ao coronavírus. "Soltem nossos homens", escreveu Zarif, no Twitter.

Na semana passada, a alta-comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, pediu que as sanções econômicas impostas a países como Irã - assim como Venezuela, Cuba e Coreia do Norte - fossem flexibilizadas durante a pandemia. Na segunda-feira, o Ministério da Saúde do Irã informou que 117 pessoas morreram em 24 horas, elevando a quase 2,7 mil o número de óbitos provocados pelo surto.

Os números oficiais não incluem cerca de 300 pessoas que morreram, nos últimos dias, após ingestão de metanol, sob a falsa crença de que isso ajudaria a se proteger do coronavírus. Há pelo menos outras mil que ficaram doentes, incluindo crianças. Um médico iraniano afirmou à agência Associated Press que o problema pode ser ainda mais grave, estimando que as mortes podem chegar a 500.

Ainda nos últimos dias, o país enfrenta uma série de distúrbios violentos nas prisões com fugas em massa. O Irã libertou temporariamente cerca de 100 mil prisioneiros como parte de medidas tomadas para conter a pandemia, deixando cerca de 50 mil pessoas atrás das grades.

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